Panorama Semanal de Fertilizantes
- Ricardo Lima de Souza
- 25 de ago.
- 3 min de leitura
O destaque da semana: sulfato de amônio em alta
O grande movimento do mercado neste ano é a ascensão do sulfato de amônio (SAM). Entre janeiro e setembro, o produto já representa 36% das importações de nitrogenados no Brasil, contra 21% no mesmo período de 2024.Enquanto isso, a ureia perdeu espaço, caindo de 70% para 55% das importações. Essa mudança mostra a preferência crescente pelo sulfato, que está mais competitivo e com preços mais atrativos.
Nitrogenados: ureia cara, sulfato competitivo
O mercado brasileiro de ureia segue travado, com preços próximos de US$ 495-500 por tonelada (CFR Brasil), considerados altos pelos produtores.Já o sulfato de amônio está em queda, com cargas oferecidas na faixa de US$ 180-195/t CFR, tornando-se a opção mais viável.O nitrato de amônio permanece estável em US$ 350/t CFR, mas há rumores de preços um pouco mais baixos no curto prazo.
Fosfatados em queda
Os fertilizantes à base de fósforo estão em movimento de baixa:
MAP recuou levemente para US$ 740-750/t CFR no Brasil.
Superfosfato Simples (SSP) caiu para US$ 195/t CFR, o menor valor em 8 meses e acumula uma queda de 25% em dois meses.
TSP segue entre US$ 600-610/t CFR, mas sem negócios relevantes.
O excesso de oferta no mercado pressiona os preços, e a expectativa é de novas reduções nas próximas semanas.
Potássio estável
O cloreto de potássio (KCl) continua estável, entre US$ 350-360/t CFR Brasil. No mercado interno, os preços ficam em torno de R$ 2.500 a R$ 2.600/t, dependendo da região. Apesar da estabilidade, há chance de quedas suaves até o final do ano.
China e Índia ditam o ritmo do mercado
Dois países seguem determinando os preços globais:
Índia: já comprou mais de 4,5 milhões de toneladas de ureia em 2025, número recorde, e abriu novo leilão de 2 milhões de toneladas.
China: voltou com força às exportações. Só de sulfato de amônio, já enviou 3,5 milhões de toneladas ao Brasil neste ano, quase o dobro de 2024. Também ampliou os volumes de ureia exportada, o que ajuda a pressionar os preços no mercado internacional.
Logística: gargalo nos portos brasileiros
O aumento das importações trouxe um novo desafio: a logística.
Em Paranaguá, o tempo médio de espera já chega a 24 dias, contra apenas 7 dias em 2023.
No porto de Itaqui, o atraso médio é de 20 dias.
Com o avanço dos volumes de sulfato de amônio e de fosfatados, a tendência é de filas maiores nos próximos meses.
Relações de troca: oportunidades para o produtor
Para quem está comprando fertilizantes, a boa notícia é que as relações de troca estão melhores:
O sulfato de amônio custa menos de 40 sacas de milho por tonelada, um nível atrativo.
A ureia, no entanto, continua cara, acima de 70 sacas por tonelada, e tem sido evitada.Na soja, a valorização do grão e a queda dos fosfatados aproximaram os índices da média histórica, facilitando as negociações.
O mercado brasileiro de fertilizantes passa por uma transformação: o sulfato de amônio ganha protagonismo, enquanto a ureia perde espaço. Fosfatados continuam em queda, potássio estável e defensivos como o glifosato em alta. O desafio agora está na logística portuária, que pode gerar gargalos na reta final das compras para a safra 2025/26.