UREIA E UREIA NBPT: ENTENDA AS DIFERENÇAS

A ureia é o fertilizante nitrogenado mais usado no Brasil e no mundo — concentrada, acessível e com aplicação simples. Mas, junto com suas vantagens, vem um desafio: as perdas por volatilização, ou seja, quando parte do nitrogênio aplicado evapora antes de ser aproveitado pela planta. E é exatamente para resolver esse problema que surgiu a ureia NBPT, uma evolução tecnológica que reduz perdas e aumenta a eficiência da adubação.

Ureia

A ureia tradicional contém 45 a 46% de nitrogênio (N), o que a torna uma das fontes mais concentradas disponíveis no mercado. Porém, após a aplicação, ela passa por uma reação química chamada hidrólise da ureia, onde a enzima urease transforma o nitrogênio em amônia gasosa (NH₃).

Se não houver chuva ou incorporação rápida ao solo, essa amônia se perde para a atmosfera.Essas perdas variam conforme as condições de aplicação:

Condição de aplicação	Perda média de Nitrogênio
Solo úmido e incorporação imediata	5 a 10%
Superfície seca, sem chuva	20 a 40%
Alta temperatura e vento	até 45%

Ou seja, quase metade do investimento pode literalmente evaporar se o manejo não for bem planejado.

O que é a ureia NBPT e como ela funciona

A ureia NBPT (N-(n-butil) triamida tiofosfórica) é uma ureia tratada com inibidor de urease.Esse composto retarda a reação química de hidrólise, dando tempo para que o fertilizante se incorpore ao solo naturalmente pela umidade, reduzindo a liberação de amônia gasosa.

Na prática: o NBPT age por cerca de 7 a 14 dias após a aplicação, tempo suficiente para que a chuva ou irrigação incorporem o nitrogênio. O resultado é maior eficiência de uso e menor perda ambiental.

Comparativo técnico: ureia comum vs ureia NBPT

Indicador	Ureia comum	Ureia NBPT
Teor de N total	45–46%	45–46%
Perdas médias por volatilização	20–40%	5–15%
Eficiência agronômica média	60–70%	80–90%
Necessidade de incorporação imediata	Alta	Baixa
Custo médio (diferença)	Base	+8% a +12%
Resultado líquido por hectare*	Menor estabilidade	Maior aproveitamento e previsibilidade

*Estimativas médias considerando clima tropical úmido e aplicação superficial.

Quando usar cada uma

• Ureia comum: ideal quando há chuvas regulares ou a aplicação pode ser feita com incorporação mecânica logo após o uso. Uma boa opção para reduzir custos diretos em períodos de umidade ou em solos cobertos.

• Ureia NBPT: indicada para condições de clima quente e seco, áreas de plantio direto, pastagens e adubação de cobertura, onde o fertilizante fica exposto. Garante maior segurança e aproveitamento do investimento, mesmo com atraso na chuva.

Vale a pena o investimento? Depende do cenário, mas o cálculo é simples: mesmo que a ureia NBPT custe 10% a mais, a redução das perdas (de 30% para cerca de 10%) representa até 20% mais nitrogênio absorvido pela planta.

Além da economia, o uso da ureia NBPT contribui para reduzir emissões de amônia — um dos principais gases associados às perdas de nitrogênio no solo. Ou seja, é uma tecnologia que alia rentabilidade e responsabilidade ambiental, atendendo às novas exigências do agro moderno.

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