Panorama Semanal do Mercado de Fertilizantes
- Ricardo Lima de Souza

- 8 de set.
- 3 min de leitura
O mercado de fertilizantes atravessou mais uma semana de fortes movimentos, com destaque para o tender indiano de ureia, que registrou o maior volume de ofertas da história, e para a contínua pressão baixista nos preços de nitrogenados e fosfatados. Confira os principais pontos da semana.
Nitrogenados: Ureia em queda e sulfato ainda mais competitivo
O grande destaque global foi o tender da NFL, na Índia, que recebeu 5,65 milhões de toneladas de ofertas, com preços mínimos entre US$ 462 e US$ 464/ton CFR, cerca de US$ 70 abaixo do último leilão. Isso reforçou o cenário de ampla oferta e trouxe reflexos imediatos no Brasil.
No mercado brasileiro, a ureia caiu para US$ 440-450/ton CFR, com negócios pontuais em até US$ 454/ton CFR. Apesar da entrada de cargas chinesas, o déficit de produto ainda se mantém.
Já o sulfato de amônio segue ganhando espaço: no Brasil, negócios foram reportados em US$ 172-175/ton CFR, enquanto na China os preços chegaram à mínima de seis meses (US$ 145-150/ton FOB). Mesmo com o enxofre incluso, o custo do ponto de N continua mais competitivo no sulfato do que na ureia.
O nitrato de amônio também recuou: negócios no Brasil foram fechados em US$ 320-325/ton CFR, abaixo das indicações anteriores.
Fosfatados: MAP e SSP em retração
A baixa liquidez mantém os preços do MAP em queda no Brasil. As indicações recuaram para US$ 730-735/ton CFR, com negócios pontuais chegando a US$ 725/ton CFR. Já o MAP 11-44 caiu para US$ 565-570/ton CFR, reflexo da entrada de produto chinês mais competitivo.
O superfosfato simples (SSP) acumula quedas expressivas: o SSP 19% recuou para US$ 185-195/ton CFR, enquanto o SSP 20% ficou entre US$ 235-240/ton CFR. O TSP permanece estável em US$ 590-600/ton CFR, mas sem grande demanda.
Potássicos: KCl estável
O cloreto de potássio manteve estabilidade, com indicações entre US$ 350 e US$ 360/ton CFR Brasil. No mercado doméstico, os preços variam entre R$ 410/ton FOB Paranaguá e R$ 450/ton em Rondonópolis.
Importações em ritmo recorde
De janeiro a outubro, o lineup já aponta para 35 milhões de toneladas de fertilizantes importados, contra 34 milhões no mesmo período de 2024. O Brasil deve encerrar o ano com um novo recorde de importações, entre 42,5 e 43 milhões de toneladas.
O destaque vai para o sulfato de amônio, que já soma 5,8 milhões de toneladas nomeadas até outubro, contra 3,8 milhões no mesmo período do ano passado. Em contrapartida, a ureia acumula queda de 26% nas importações.
Comercialização da safra: soja quase toda rodada, milho avançando
Até o fim de agosto, 89% dos fertilizantes para a soja 2025/26 já foram adquiridos no Brasil, ligeiramente abaixo da média histórica de 91%. O Rio Grande do Sul segue como principal incógnita, com estimativas de 65% a 75% do mercado já fechado. No Mato Grosso, o índice chega a 97%, alinhado ao ano anterior.
Para o milho safrinha 2026, as compras atingem 44%, acima dos 39% do ano passado, mas ainda abaixo da média histórica de 51%.
Perspectivas
Ureia: tendência baixista no curto prazo, pressionada pelo tender indiano e pelo excesso de oferta.
Sulfato de amônio: pode seguir caindo, mas mantém vantagem competitiva.
Fosfatados: ampla oferta segue derrubando preços.
Potássicos: cenário de estabilidade, sem grandes variações previstas.
O foco agora se volta para a segunda safra no Brasil e para os primeiros movimentos de compra visando 2026/27.
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