Panorama Semanal do Mercado de Fertilizantes
- Ricardo Lima de Souza

- 25 de set.
- 3 min de leitura
A terceira semana de setembro de 2025 trouxe sinais mistos para o mercado de fertilizantes. Nitrogenados mostram estabilidade após quedas recentes, fosfatados seguem em retração, enquanto o potássio permanece estável. A logística continua sendo um dos principais desafios, com tempos de espera recordes nos portos brasileiros e custos extras de demurrage impactando o importador.
Nitrogenados: Ureia estável, sulfato mais competitivo
Após fortes quedas nos últimos 30 dias, a ureia estabilizou no Brasil. Negócios pontuais foram reportados a US$ 430-440/ton CFR, com rumores de cargas sancionadas a US$ 425/ton no porto de Rio Grande.
No cenário global, a Índia deve voltar ao mercado com novo tender, podendo sustentar os preços, já que o país ainda precisa importar de 2,5 a 3 milhões de toneladas até janeiro.
Enquanto isso, o sulfato de amônio segue em queda, negociado a US$ 165-170/ton CFR. Pela primeira vez em dez anos, o ponto de N do sulfato ficou abaixo do da ureia, tornando-o mais competitivo. Já o nitrato de amônio recuou para US$ 300-320/ton CFR.
Fosfatados: MAP recua, SSP em baixa
O MAP encerrou a semana entre US$ 710-720/ton CFR Brasil, queda de cerca de US$ 30/ton desde agosto. Há relatos de produção nacional ofertada a US$ 685/ton.
O SSP 19% foi indicado entre US$ 185-190/ton CFR, podendo cair ainda mais. O SSP 20% variou entre US$ 220-245/ton.O TSP segue estável em US$ 590-600/ton CFR.Já o NP 08-40 manteve-se em US$ 465/ton CFR.
No mercado global, a suspensão de licitações em Bangladesh e ajustes na Etiópia pressionam ainda mais os preços.
Potássicos: Cloreto de potássio sem mudanças
O KCl permaneceu estável entre US$ 350-360/ton CFR Brasil.No mercado interno, os preços giraram em torno de US$ 400-410/ton FOB nos portos, chegando a US$ 440/ton em Rondonópolis.
Logística: Demurrage pesa nos custos
A sobrecarga nos portos brasileiros elevou o tempo médio de espera em Paranaguá para 35 dias, contra 17 dias no mesmo período de 2024. Em Itaqui, a fila já chega a 26 dias.
💡 Impacto direto: um navio com 64,9 mil toneladas de ureia, após 55 dias de espera, acumula US$ 940 mil em demurrage, adicionando cerca de US$ 14,5/ton ao custo final.
Compras no Brasil: soja avançada, milho atrasado
As compras de fertilizantes para a soja 2025/26 atingiram 91% até 15 de setembro, abaixo da média de cinco anos (93%).
Mato Grosso: 98% comprados.
Rio Grande do Sul: apenas 65-75%, reflexo da restrição de crédito.
Para o milho safrinha 2026, o índice nacional é de 45%, avanço em relação a 2024 (41%), mas ainda abaixo da média histórica (54%). Goiás, Maranhão e Tocantins têm mais de 80% do mercado em aberto.
Relação de troca: soja em queda, fertilizantes pressionados
A queda nas cotações da soja em Chicago na última semana piorou a relação de troca.
KCl e SSP ainda mostram níveis atrativos.
Ureia segue com troca desfavorável.
MAP permanece acima da média histórica.
Para o milho safrinha 2026, o sulfato de amônio é hoje a opção mais competitiva.
Tendências
Nitrogenados → Estabilidade no curto prazo, com chance de alta se a Índia confirmar novo tender.
Fosfatados → Tendência baixista, pressionados pela ampla oferta global.
Potássicos → Estáveis, com negócios já sendo feitos para 2026/27.
Logística → Gargalos portuários e custos de demurrage devem seguir no radar.
Resumo Spazio Agro: O mercado de fertilizantes segue pressionado por fatores externos e internos — preços globais em queda seletiva, dólar valorizado, crédito restrito no Brasil e logística congestionada. Para o produtor, o desafio é encontrar o momento ideal de compra, equilibrando custo, relação de troca e segurança no abastecimento.



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