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Panorama Semanal dos Fertilizantes – 18 de agosto de 2025

  • Foto do escritor: Ricardo Lima de Souza
    Ricardo Lima de Souza
  • 18 de ago.
  • 3 min de leitura

O mercado de fertilizantes entrou em uma fase decisiva neste mês de agosto, marcado pelo forte apetite da Índia por ureia, pela queda nos fosfatados simples e pela consolidação do sulfato de amônio como a principal alternativa no Brasil. Ao mesmo tempo, o produtor brasileiro se aproxima do início do plantio da soja 2025/26 com apenas 15% das compras ainda em aberto, o que acende o alerta para logística e entregas.


Nitrogenados

O destaque da semana foi o terceiro tender indiano de ureia em menos de dois meses. A Índia busca mais 2 milhões de toneladas, elevando o total para 5,5 milhões de toneladas adquiridas em curto espaço de tempo. Esse movimento pressiona os preços internacionais e mantém a ureia em patamar elevado.


No Brasil, a ureia se manteve entre US$ 485 e US$ 495/t CFR, acumulando alta de 38% em 12 meses. A competitividade da ureia está comprometida, o que reforça a migração dos produtores para o sulfato de amônio, negociado entre US$ 187 e US$ 195/t CFR. Em 2025, o sulfato já representa 34% das fontes de nitrogênio, contra 21% no ano passado, enquanto a ureia caiu de 70% para 57%.


O nitrato de amônio segue em US$ 350/t CFR Brasil, sem grandes movimentações. O quadro aponta que 2025 será marcado pelo avanço dos nitrogenados menos concentrados no país.



Fosfatados

O mercado de fosfatados segue em ritmo lento no Brasil. O MAP está cotado a US$ 750/t CFR, mas há negócios pontuais entre US$ 710 e US$ 730. Internacionalmente, os preços estão mais altos, como na Argentina (US$ 800-805/t) e EUA (US$ 866/t), tornando o Brasil um dos destinos mais baratos do mundo para o produto.


Já o superfosfato simples (SSP) tem mostrado forte queda. O SSP 19% está entre US$ 215 e US$ 220/t, com rumores de negócios abaixo de US$ 200 no Arco Norte. O SSP 20% gira em US$ 250/t. O TSP permanece com baixa liquidez, entre US$ 590 e US$ 600/t.


Outro ponto de atenção é o 08-40, que registra crescimento de mais de 500% nas importações em 2025. Em alguns casos, chegou a ser negociado até US$ 460/t, tornando-se mais competitivo que o MAP.



Potássicos

O cloreto de potássio (KCl) se mantém em US$ 360/t CFR Brasil, mas há rumores de negócios a US$ 350/t. A demanda para a soja 2025/26 já foi praticamente atendida (mais de 90% das compras concluídas), e agora o foco passa para a temporada 2026/27. Ainda assim, as condições de barter e preços futuros não estão atrativas para o produtor.



Logística e Importações

As importações de fertilizantes devem chegar a 32 milhões de toneladas entre janeiro e setembro de 2025, contra 30 milhões no mesmo período de 2024. O destaque é o crescimento de 62% no sulfato de amônio.


Com isso, os portos brasileiros enfrentam mais pressão. O tempo médio de espera para descarga em Paranaguá subiu para 21 dias, contra 17 no ano passado e apenas 6 em 2023. No Itaqui, a espera média passou de 3 dias em 2023 para 19 em 2025.



Comercialização da Safra

Para a soja 2025/26, 85% dos fertilizantes já foram comprados, mas ainda há atraso de 5 pontos percentuais em relação ao ano passado. Os estados com maiores pendências são RS, SP e MG, enquanto regiões como o MAPITO seguem com cerca de 10% em aberto.


No caso do milho safrinha 2026, as compras já atingem 40%, avanço em relação ao ano anterior (37%). O Paraná está mais adiantado, com mais de 50% concluído, enquanto SP e MG ainda estão no início, com apenas 5-10%.



Relações de Troca

A valorização da soja na Bolsa de Chicago e a queda recente nos preços dos fosfatados melhoraram as relações de troca. Em agosto, o índice caiu em média 4,3%, abrindo uma oportunidade para produtores que ainda não fecharam suas compras.

Para o cafeicultor, o cenário também é positivo: a relação de troca com a ureia caiu para 1,6 saca/ton, o menor nível em dez anos, tornando o momento bastante favorável para aquisição de adubo nitrogenado.




O mercado global segue atento ao apetite da Índia, que sustenta os preços da ureia. No Brasil, a tendência é de migração cada vez maior para o sulfato de amônio, impulsionado pela sua competitividade. Os fosfatados simples recuam rapidamente, enquanto o potássio permanece estável.


Com o início do plantio da soja a menos de 30 dias, o alerta agora está na logística de entrega. Quem ainda não comprou pode encontrar boas oportunidades de preço, mas precisa considerar se o produto chegará a tempo para a safra.

 
 
 

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